Resultados de Café criativo
Oficina Rede Cidadã, Maués/AM 16 e 17 de novembro de 2017
Síntese do diálogo progressivo das cinco mesas de trabalho – as ações e práticas sugeridas pelos participantes foram classificadas em temas, pelos pesquisadores, e são apresentadas aqui desta forma para auxiliar na identifição dos principais tópicos apontados. Mantivemos o sentido original de todas as sugestões, como foram verbalizadas nas mesas, porém resumimos e agrupamos algumas das sugestões para facilitar a compreensão do conteúdo. Além da divisão por tema, as sugestões foram divididas entre aquelas que podem servir para ambas as zonas (rural e urbana) e aquelas exclusivas para a zona rural ou urbana.
Pergunta 1: Quais ações ou práticas podem reduzir a insegurança alimentar e nutricional na zona rural de Maués?
Pergunta 2.: Quais ações ou práticas podem reduzir insegurança alimentar e nutricional na zona urbana de Maués?
Tema: Informação – ações pedagógicas/educacionais, orientação e capacitação
- Ações e práticas tanto para a zona rural quanto para a urbana
- Palestras e outras atividades sobre educação nutricional em escolas, domicílios e igrejas – conscientização e orientação sobre como comer melhor.
- Orientação para incentivar as pessoas a comprarem menos alimentos ultraprocessados, açúcar (no café e nos sucos em geral), sal, gordura e salgadinhos, como militos, e indicar os benefícios do consumo de alimentos in natura.
- Informações sobre alimentos muito nutritivos locais (ex. leite de sementes de jerimum).
- As ações pedagógicas incentivando a dieta composta de alimentos locais, como forma de respeitar e resgatar os costumes e hábitos alimentares
- Ações pedagógicas como instrumento de divulgação do problema da insegurança alimentar. Estas ações informariam a população sobre o tema e podem resultar no reconhecimento de pessoas que sofrem de insegurança alimentar.
- Como iniciativa do poder público desenvolver programas de educação em medicina preventiva.
- A escola é um ambiente propício para iniciar essa orientação e a merenda escolar deve servir também para educação alimentar.
- Desenvolvimento de atividades para reduzir insegurança alimentar poderiam considerar e aproveitar o papel das igrejas e missionários.
- Orientação nutricional para crianças.
- Orientação para adultos – orientar os pais e as mães para que estes repassassem para seus/suas filhos e filhas.
- Ensinar a plantar.
- Apoio técnico do IDAM.
- Reestruturação das práticas médicas – ex. profissionais apenas receitam remédios em casos de anemia, mas não orientam sobre alimentação e outros aspectos preventivos
- Mais capacitação de Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) para levarem mais conhecimento nutricional à população.
- Educação sobre a importância do saneamento ambiental.
- Informações sobre a questão devem circular em diversos meios. Considerando a dificuldade de acesso à informação por parte da população rural e maior diversidade de meios de comunição para a população urbana.
- Rádio – Programas já existente podem realizar uma mesa redonda com nutricionistas, ACSs, Assistentes sociais. Cidadãos fazendo perguntas (inclusive pelas mensagems de Whatsapp).
- Usar a mídia para falar sobre boas práticas alimentares, chamando nutricionistas e estudantes para falar/serem entrevistados.
- Orientação para planejamento de orçamentos familiares.
- Programa e serviços de proteção e atenção integral às famílias (PAIF) dos CRAS, devem orientar as famílias beneficiárias do Bolsa Família quanto a finalidade do recurso e seu uso adequado, além de estimular as famílias a aderirem a fontes alternativas de renda (artesanato, p.e.) como estratégia para eliminar a fome e a miséria.
- Ações e práticas para a zona rural
- Importância estratégica de instituições de ensino orientadas à produção rural, tendo como público os jovens de comunidades rurais.
- Formação e capacitação de líderes comunitários (igreja católica já tem um programa).
- Ações para levar “ferramentas” para as comunidades. Levar mais capacitação aos comunitários para que eles prórprios possam realizar melhorias.
- Captação de recursos dentro da própria comunidade para melhorias locais.
- Ações e práticas para a zona urbana
- IFAM pode realizar mais oficinas nas escolas para ensinar a fazer horta.
- Palestras promovidas pela secretaria de saúde.
- Secretaria de saúde pode promover capacitação para a pastoral da criança.
- Mostrar os problemas do consumo de leite de soja para as crianças, o qual muitas vezes causa intolerância alimentar e estimula o abandono do aleitamento materno.
- Instituções públicas podem realizar ações educativas, programas de fortalecimento alimentar. Neste âmbito existe o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) que é encarregado de fazer isso.
Tema: Incentivo/apoio à produção agrícola
- Ações e práticas tanto para a zona rural quanto para a urbana
- Incentivo do poder público para produção agrícola.
- Incentivos à produção agrícola própria de alimentos (subsistência) com orientações e apoio técnico especializado.
- Trabalho mais intenso com indígenas, que estão perdendo as práticas agrícolas e alimentares tradicionais.
- Programas que comprem a produção local do município, qualifiquem e aproveitem a expertise local.
- Ações e práticas para a zona rural
- Modernização/mecanização (sistemas de irrigação etc.) da produção.
- Criação de novos projetos e incentivo para desenvolver projetos como:
- 1. Criação de animais para consumo (apoio técnico de órgãos como o SEPROR)
- 2. Horta mandala, com um galinheiro no centro (ensinada pelo IFAM)
- 3. Investimento em saneamento ambiental – poder público investir na construção de banheiros individuais ou coletivos, fossas ecológicas para banheiros e descarte de água de pia (ex. descarte em fossa com bananeira).
- Resolver entraves na produção:
- 1. processo produtivo não modernizado;
- 2. o clima e suas mudanças;
- 3. a motivação em produzir; e
- 4. a precariedade em relação ao escoamento.
- Criação de um programa focado na produção rural das comunidades, para fornecer frutas e hortaliças na merenda escolar, deixando de utilizar enlatados.
Tema: Contratação de profissionais
- Ações e práticas tanto para a zona rural quanto para a urbana
- NASF – atenção básica à saúde – aumentar o número de profissionais (nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos etc) para darem conta de realizar palestras e visitas com orientações.
- Contratação de profissionais para trabalhar nas escolas com merenda escolar e programas de educação alimentar.
- Criação de hortas comunitárias em terrenos ociosos da cidade que sejam da prefeitura – prefeitura organiza e comunidade toma conta.
- Aumentar o número de hortas escolares, para fornecer parte do alimento da merenda escolar – já está em prática no IFAM e em algumas escolas municipais.
- Incentivo de hortas nos quintais para subsistência.
- Incentivar produção de galinha no quintal, para venda de ovo – incentivar empreendedorismo.
Tema: Organização e união
- Ações e práticas tanto para a zona rural quanto para a urbana
- Organizar ações conjuntas, parcerias, agregar experiências nas cidades e zona rural.
- Mais parcerias entre as diversas instituições públicas e da sociedade civil.
- Mobilização e organização social
2. Ações e práticas para a zona rural
- Organizar um grupo de pequenos produtores.
- Organização de produtores rurais em associações.
- Mesmo com uma comunidade organizada é importante incluir nas ações outros trabalhadores, como ACSs, professores, catequistas.
3. Ações e práticas para a zona urbana
- Incentivar e fortalecer as associações de bairro para organização comunitária.
- Tema: Empoderamento, liderança e autonomia
- 1. Ações e práticas tanto para a zona rural quanto para a urbana
- Presidentes das comunidades (rurais e bairros urbanos) devem ser ativos em cobrar ações da prefeitura.
- Empoderamento da população no sentido destas não tornarem-se dependentes do poder público.
- A partir do empoderamento da população, seria necessário que houvesse uma união em prol da educação alimentar, entendendo que é um problema social e não somente individual.
- Estímulo de iniciativas que valorizem um diálogo mais amplo entre os núcleos familiares e o poder público
2. Ações e práticas para a zona rural
- Criação de programas para empoderar jovens lideranças das comunidades (exemplos de Jovens Protagonistas e Jovens Comunicadores nas UCs dos rios Jaú e Unini). Importante pois faltam futuros líderes para guiar a comunidade.
- Líderes diferentes para diversas funções dentro da comunidade.
- As famílias devem buscar sua autonomia e autoafirmação , bem como incentivar os mais jovens a assumirem o compromisso com o futuro das iniciativas comunitárias.
- Comunidades devem criar autonomia para tocar os projetos iniciados por outros agentes (poder público, ONGs etc).
- Comunidade deve agir também por conta própria em alguns projetos, pois falta verba do poder público para a zona rural.
- Ações e práticas para a zona urbana
- Criar ou revitalizar associações de bairro que são inexistentes ou estão inativas.
Tema: Outras ações ou práticas citadas nos grupos
- Ações e práticas tanto para a zona rural quanto para a urbana
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- Melhorar a composição nutricional da merenda escolar (ex. suco de cove é muito saudável, também existem exemplos de merenda escolar com verduras).
- Utilizar multimistura da pastoral da criança para crianças desnutridas – suplemento alimentar.
- Apoio econômico para a Pastoral da criança e um local em cada comunidade rural para que a pastoral possa desenvolver as suas atividades.
- Melhora no abastecimento e qualidade da água.
- Realização de projetos de médio e longo prazos. Ações de médio e longo prazos da prefeitura e suas secretarias, especialmente Secretaria de Assistência Social, que pode ajudar e orientar. Debatido que tem uma equipe volante da Secretaria de Assistência Social, mas foca apenas na doação de cestas básicas, logo a atuação é restrita.
- Necessidade de que os projetos de pesquisa tenham uma segunda fase para a procura de soluções aos problemas locais.
- Cobrar das pesquisas a difusão dos resultados e procura de soluções.
- Aumento da renda das famílias – pois uma alimentação balanceada tem um custo alto.
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- 2. Ações e práticas para a zona rural
- Resolver problemas de armazenamento de comida fresca no interior.
- Resolver a falta de espaço para preparar comida em escolas na zona rural.
- Implementação de programas na linha do projeto ”Primeira Infância Ribeirinha”, da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) (experiência dos morandores da comunidade Monte Sinai).
- Melhora no abastecimento e qualidade da água – construção de poços artesianos nas comunidades (foi apontado por servidor da SEMAS que aproximadamente 85% das comunidades de Maués já dispõem de poço artesiano).
- Investir em programas e políticas sociais que amenizem o problema da fome em curto prazo, como a cestas básicas, pois foi apontado que apesar de haver muita terra na zona rural ainda há muita fome. Porém, foi apontado que a cesta básica tem itens limitados e alguns não nutritivos (óleo, sal, açúcar, macarrão), estimulando uma dieta pouco balanceada.
3. Ações e práticas para a zona urbana
- Bairros mais longe do centro são mais marginalizados e devem ser priorizados pela prefeitura.
- Atenção aos problemas de vícios: álcool e outras drogas.
- Ações para aumentar a assiduidade das famílias acompanhadas pela Pastoral da Criança.
- Nas áreas urbanas há mais bolsões de pobreza, onde há a necessidade de ampliar o acesso dessas famílias a programas de garantam a segurança a alimentar e nutricional, reduzindo as desigualdades e a exclusão social de segmentos invisíveis aos olhos da cidade e do poder público
- Oferecer alimentos mais saudaveis no ambiente escolar – talvez limitar a venda de refrigerantes e outros alimentos processados, pois um grande problema nas escolas da área urbana é a contradição de se fazer um esforço para que a merenda escolar seja mais saudável e, ao mesmo tempo, se permitir venda de alimentos ultraprocessados dentro da escola.
- Distribuição de cestas básicas para os domicílios mais carentes.
- Evitar a distribuição de leite de soja para as crianças, o qual muitas vezes causa intolerância alimentar e estimula o abandono do aleitamento materno.